O CUIDADO DO PACIENTE GRAVE FORA DA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA

Área: Medicina

Cintia Magalhães Carvalho Grion
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA

cintiagrion@sercomtel.com.br

Cintia Magalhães Carvalho Grion
Sara Carolina Scremin Souza
Eder Giovane Hilário
Otávio Delgado Tavela
Josiane Festti
Claudia Maria Dantas de Maio Carrilho

Introdução: Avanços na medicina permitem aumento da longevidade de pacientes com doenças crônicas. Não é incomum a necessidade de leitos de terapia intensiva ser maior do que a sua disponibilidade. Neste cenário, os pacientes graves recebem cuidados intensivos fora da unidade de terapia intensiva (UTI). Objetivos: Descrever características clínicas e epidemiológicas de pacientes graves tratados fora da UTI por falta de leitos. Métodos: Estudo de coorte prospectivo de pacientes graves tratados em leitos hospitalares comuns de um Hospital Universitário por um ano. Foram estudados todos os pacientes com recusa de vaga na UTI tratados em leitos comuns pela equipe de saúde local e por consultas diárias por médico intensivista durante o período de fevereiro de 2012 a fevereiro de 2013. Os pacientes foram acompanhados até a admissão na UTI ou o cancelamento do pedido de vaga. Foram coletados dados clínicos e epidemiológicos. Procedimentos invasivos e intervenções terapêuticas foram anotados. O desfecho foi observado na saída do hospital. Resultados: Foram analisados 454 pacientes. Os pacientes eram na maior parte homens (54,6%) com idade mediana de 62 anos (intervalo interquartílico ITQ: 47-73). A mediana do APACHE II foi 22,5 (ITQ: 16-29), a mediana do SOFA foi 8 (ITQ: 4-13) e a mediana do TISS 28 foi 27 (ITQ: 22-30). Indicações de admissão na UTI foram falência respiratória (39%), instabilidade hemodinâmica (14,5%), monitorização neurológica (14,5%), monitorização cardíaca (7,3%) e cuidados pós-operatórios (2,9%). Ventilação mecânica invasiva foi aplicada em 266 (65,6%) pacientes, drogas vasopressoras e inotrópicas em infusão contínua em 44,9% e vasodilatadores endovenosos em 5,9% dos pacientes. A mediana do tempo de seguimento foi 3 (ITQ: 2-6) dias e após esse período 204 pacientes foram admitidos na UTI e 250 cancelaram a solicitação. Os motivos de cancelamento de UTI foi melhora clínica em 122 (26,9%) pacientes, morte em 101 (22,3%), limitação de suporte terapêutico por futilidade em 25 (5,5%) e transferência para outra instituição em 2 (0,4%) pacientes. A mortalidade hospitalar foi 65%. Conclusões: O cuidado do paciente grave for a da UTI foi frequente. Esses pacientes apresentaram escore de gravidade elevado, múltiplas disfunções orgânicas e necessidade de múltiplas intervenções terapêuticas invasivas. Apesar de receber cuidado especializado por consulta com médico intensivista, esses pacientes apresentam prognóstico reservado.