SÍNDROME MILK-ALKALI LIKE? QUANDO O PACIENTE NÃO FALA: A DIFERENÇA ENTRE ‘’VER – O QUE APARECE’’ E ‘’ENXERGAR – O QUE O PACIENTE TEM’’

Área: Medicina

Giovanni Pinotti Zin
HOSPITAL SÃO VICENTE DE PAULO

giovannizinmed@gmail.com

Giovanni Pinotti Zin
Jussara Gomez
Mariana Ziliotto Sgnaolin
GABRIELE MARTIGNONI SARDA

Introdução e Objetivos: Os distúrbios hidroeletrolíticos e ácido-básicos são comuns em pacientes em unidade de terapia intensiva (UTI). Sabemos que a homeostasia do meio interno é fundamental para manutenção das funções vitais, logo, a identificação precisa e imediata desses distúrbios é salvadora de vidas. Relatamos um caso de uma paciente cujo diagnóstico aproximou-se da síndrome Milk-alkali por alguns achados clínicos e laboratoriais, mas o momento da hipótese era tardio em relação ao início do quadro da paciente. Material e Métodos: Paciente feminina, 60 anos, com história de hipertensão, internou na enfermaria com história de diarréia aquosa há 30 dias (ausência de pus, muco ou sangue) com freqüência de duas vezes ao dia associada à perda ponderal, astenia, inapetência e dor abdominal leve. Há uma semana iniciou com vômitos. Em uso ambulatorial de clortalidona, losartana e atenolol para hipertensão. Ao exame físico: regular estado geral, mucosas secas (3+/4+) e hipocoradas (1+/4+). Frequência cardíaca elevada (110 batimentos por minuto), pressão arterial de 100/60 mmHg, temperatura axilar de 34,8o C. Escala de Coma de Glasgow (ECG) de 14. Dor difusa a palpação profunda do abdômen. Demais manobras semiológicas do exame cardíaco, pulmonar, abdominal e neurológico normais. Testes laboratoriais foram realizados na chegada e evidenciaram: hipercalcemia severa (Ca total 16 mg/dL), magnésio 1,9 mg/dL, fósforo 2,4 mg/dL, potássio 3 mmol/L, sódio 149 mEq/L, cloretos 108,4 mEq/L, creatinina 1,46 mg/dL, uréia 60 mg/dL, calcitriol 38,4, paratormônio (PTH) 5,4 pg/mL, hipercalciúria (512,6 mg/dia), DLH 715 U/L. Gasometria: 7,5 pH, PaO2 66,8 mmHg, PaCO2 55,3 mmHg, bicarbonato 42,8 mmol/L, excesso de base + 17,9 mmol/L. EPF e leucócitos fecais negativos. Eletroforese de proteínas séricas e urinárias foi negativa. TSH, T3 e T4 livre normais. Durante a internação, as medicações foram suspensas. Trazia consigo exame de EDA revelando candidiase esofagica, ultrassonografia de abdômen total normal e tomografia de crânio sem alterações. A paciente evoluiu com crise convulsiva generalizada, necessidade de intubação orotraqueal e ventilação mecânica na noite da internação. Foi transferida para UTI e permaneceu com hipernatremia, hipocalemia e alcalose metabólica, piorando a função renal (creatinina de 2,6). Retirou-se a sedação, manteve ECG 3 com pupilas médio-fixas. Tomografia de crânio evidenciou áreas de isquemia/hemorragia. Após, teve diagnóstico de morte encefálica.