RELATO DE CASO: ENCEFALITE LÍMBICA E STATUS EPILEPTICUS SUPER REFRATÁRIO

Área: Medicina

Ana Flávia Gallas Leivas
HOSPITAL DE CLÍNICAS DE PORTO ALEGRE

anafgleivas@gmail.com

Ana Flávia Gallas Leivas
Iuri Christmann Wawrzeniak
Thizá Maria Bianchi Galiotto
Viviane Draghetti
Deisi Letícia Oliveira da Fonseca

Introdução: Encefalite límbica é condição neuropsiquiátrica caracterizada por inflamação de estruturas do sistema límbico imunomediada, se manifesta por comprometimento da memória de curto prazo, confusão, crises epilépticas e sintomas psiquiátricos. O status epilepticus super refratário é definido pela crise epiléptica persistente após 24h de tratamento sob sedação e anestesia geral. Materiais e métodos: Homem, 22 anos, previamente hígido, história de dor abdominal, fadiga, diarreia e retraimento social com um mês de evolução, duas semanas de odinofagia e febre, tratado com antibioticoterapia, tendo evoluído uma semana antes da admissão com inapetência, depressão do sensório e crises convulsivas tônico-clônico generalizadas, necessidade de sedação e suporte ventilatório, refratário a terapêutica com benzodiazepínicos, fenitoína e tiopental. Admitido na UTI, permaneceu em status epilepticus apesar de doses altas de midazolam, propofol, fenitoína, fenobarbital e carbamazepina. TC de crânio e punção lombar normais. RNM de crânio com hiperintensidade de sinal nas sequências ponderadas em T2/FLAIR envolvendo hipocampos bilateralmente, configurando encefalite límbica com principal hipótese diagnóstica, confirmada por anti-VGKC e anti-GAD 65 positivos. Investigação neoplásica negativa. Após o diagnóstico, iniciou tratamento com pulsoterapia, seguido de imunoglobulina humana e plasmaférese, permanecendo em status epilepticus por aproximadamente 50 dias, quando foram então retiradas drogas parenterais contínuas e permaneceu apenas com anticonvulsivantes enterais. Recebeu alta da UTI após 71 dias de internamento, traqueostomizado, comunicante e em recuperação de polineuropatia do doente crítico. Discussão e conclusão: A refratariedade do status epilepticus não é condição infrequente no neurointensivismo, requer diagnóstico da causa base e tratamento agressivo a fim de evitar danos cerebrais e outras morbidades. Suporte de terapia intensiva se faz essencial nessa situação.