RELATO DE CASO: SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÉ VARIANTE FARINGO-CÉRVICO-BRAQUIAL SOBREPOSTA COM A VARIANTE DE OFTALMOPARESIA AGUDA DA SÍNDROME DE MILLER-FISHER

Área: Medicina

Ana Flávia Gallas Leivas
HOSPITAL DE CLÍNICAS DE PORTO ALEGRE

anafgleivas@gmail.com

Ana Flávia Gallas Leivas
Rafael Barberena Moraes
Edino Parolo
Thizá Maria Bianchi Galiotto
Kamila Ramborger Goulart

Introdução: A variante faringo-cérvico-braquial (vFCB) da Síndrome de Guillain-Barré (SGB) possui quadro arrastado de disfagia, perda de força em musculatura orofaríngea, pescoço, e MMSS, com força de MMII preservada, diferentemente da forma clássica de SGB, simétrica e ascendente, rapidamente progressiva. Frequentemente, é descrita em sobreposição à Síndrome de Miller-Fisher (SMF), caracterizada por oftalmoplegia, ataxia e arreflexia. Materiais e métodos: Homem, 18 anos, previamente hígido, iniciou quadro de dor e rigidez cervical, evoluiu com febre e odinofagia, associado a rash cutâneo com melhora após uso de antialérgico. Procurou atendimento por piora da odinofagia, disfagia e disfonia, medicado com antibioticoterapia. Após quatro dias internou em hospital periférico por disfagia severa, evoluiu com disartria e paresia de membro superior esquerdo (MSE), transferido então ao hospital referência. Admitido sem alterações ao exame geral. Ao exame neurológico, alterações referentes à redução de sensibilidade e força em região cervical e MMSS, preservadas em MMII; alterações motoras importantes em III, IV, V, VI, VII pares de nervos cranianos, reflexo nauseoso reduzido, ausência de elevação do palato e paralisia bilateral da língua. TC de crânio e cervical, punção lombar, RNM de crânio e coluna total normal. ENMG de face e membros demonstrou polineuropatia sensitiva e motora axonal com desnervação em atividade envolvendo segmentos da face e membros superiores. O diagnóstico foi de sobreposição das variantes de SGB e SMF: vFCB e oftalmoparesia aguda. Necessitou IOT para proteção de vias aéreas e realizou tratamento com imunoglobulina humana em UTI, onde permaneceu até realização de traqueostomia, com resposta parcial ao tratamento. Discussão e conclusão: A vFCB é pouco frequente, possui quadro clínico definido, resposta em geral incompleta (ou inexistente) à imunoglobulina e, nesses casos, suporte ventilatório/traqueostomia podem ser essenciais à manutenção da vida.