TEMPO DE VISITA FAMILIAR E DESFECHOS CLÍNICOS EM UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA DE ADULTOS: ESTUDO ECOLÓGICO

Área: Medicina

Regis Goulart Rosa
DEPARTAMENTO DE MEDICINA INTENSIVA - HOSPITAL MOINHOS DE VENTO

regis.goulart@brturbo.com.br

Regis Goulart Rosa
William Rutzen
André Sant’Ana Machado
Tulio Tonietto
Laura Madeira
Aline Maria Ascoli
Roselaine Pinheiro
Juçara Maccari
Maicon Falavigna
Fernanda Guilhermano
Lucas Carlesso
Ivan Almeida

Introdução: Recentemente, programas de humanização em unidades de terapia intensiva (UTIs) têm preconizado visita estendida dos familiares, com intuito de promover maior conforto ao paciente criticamente enfermo. Contudo, o impacto desta medida em desfechos clínicos é desconhecido. Objetivo: Avaliar a associação do tempo permitido de visita familiar com desfechos clínicos em UTIs de adultos brasileiras. Métodos: Um estudo ecológico foi realizado como parte de uma análise de viabilidade para recrutamento de UTIs para um ensaio clínico randomizado de visita familiar contínua versus visita familiar intermitente como profilaxia de delirium e suas complicações em pacientes criticamente enfermos. O tempo diário permitido de visita familiar foi avaliado como determinante das taxas de incidência de delirium, tempo de internação e mortalidade durante permanência em UTI. Resultados: No total, UTIs de 22 hospitais, representativos das cinco regiões brasileiras, foram avaliadas no período de Janeiro a Março de 2015. Destas UTIs, 9% (n=2) possuem política de permissão de visita familiar contínua (24 horas por dia) e 91 % (n=20) possuem política de permissão de visita familiar intermitente (mediana 90 minutos por dia, intervalo interquartílico 60 a 120 minutos). Não houve correlação do tempo diário permitido de visita familiar com taxas de incidência de delirium (r=+0.18; p=0.45) e tempo de permanência em UTI (r =-0.21, p=0.34). Contudo, houve uma associação inversamente proporcional entre o tempo diário permitido de visita familiar com as taxas de mortalidade durante internação na UTI (r=-0.45, p=0.03). Conclusão: O presente estudo sugere uma associação benéfica entre maiores tempos diários permitidos de visita familiar e mortalidade durante a internação na UTI. Pela característica exploratória desta análise, os autores concluem que estudos clínicos randomizados devem ser conduzidos para avaliação do impacto do modelo de visita familiar na UTI em desfechos clínicos.